terça-feira, 25 de junho de 2013

Família indiana

Olá pessoas. Volto depois de muito tempo a escrever no blog porque um post chamou minha atenção no grupão Au Pair do Facebook (aliás, sempre vejo o que as meninas postam e acho que de lá saem ótimas pautas para discussão nos blogs hehe - mania de jornalista ficar procurando assunto para escrever).

O post em questão era de uma menina com dúvidas sobre aceitar ou não uma família indiana. O assunto rendeu muitos comentários (a favor e contra) durante vários dias. No meu período como au pair, eu morei com hosts indianos e venho contar a minha experiência. Se você também teve experiência com hosts da Índia vem contar pra gente também :)

Primeiro de tudo. Todas as vezes em que falei com meus hosts antes do match foram por telefone, portanto, só descobri que eles eram indianos quando eu vi as fotos deles (que por sinal eles disponibilizaram apenas depois do match - antes havia apenas fotos da casa e do meu menor quando ele ainda era um baby). Nas ligações, eu conseguia notar um sotaque muito forte, principalmente quando falava com a mãe, mas como não era expert no assunto, não sabia dizer que tipo de sotaque era.

Bom, depois de descobrir que eles eram indianos eu virei a piada da minha casa haha. Fiz meu match um tempo depois daquela novela Caminhos da Índia e o assunto estava fresquinho na cabeça da minha mãe e dos meus irmãos, que ficavam me zuando dizendo que eu iria fazer parte do "núcleo da dancinha", entre outras coisas.

Mas chegando aos EUA me deparei com uma família que de indianos mesmo tinham apenas as feições e o gosto pela culinária. Meus hosts se mudaram para lá há mais de 15 anos e estavam totalmente adaptados à vida americana. As crianças, todas nascidas nos Estados Unidos, também levavam a vida bem american style.

O que tinha de diferente era a hora da janta. Aprendi a comer muita comida boa da culinária indiana: panner (queijo fresco indiano); chapati (uma espécie de pão); raita (molho). Mas uma coisa que não me acostumei com o gosto e nem com o cheiro foi o curry.

Meus ex-hosts são católicos, portanto todos os sábados ou domingos eles vão à missa. Então na casa só tinha alguns objetos relacionados ao budismo para enfeitar. Eles não se vestiam com os saris, por exemplo. Como disse acima, eles eram totalmente americanizados.

Uma curiosidade: apesar das minhas kids terem nascido nos EUA, quando elas falavam dos americanos se referiam a eles como outra nação, como se elas próprias não fossem americanas. Isso sempre achei muito interessante. Apesar de viverem como americanos, eles preservavam muito as raízes do país de origem, sempre contando histórias da Índia, do povo...

Agora sobre o programa de au pair. Algumas meninas reclamam que os indianos são exploradores. Não posso falar por todas, mas na minha opinião eles querem que o dinheiro gasto seja sempre bem usado. Ou seja, realmente eles te fazem trabalhar as 45 horas do programa. Mas os meus hosts nunca me exploravam. Se eu trabalhasse a mais, eles me pagavam hora extra.

Se eles são mãos de vaca? Sim! hahaha, mas quem não é? Meus hosts, por exemplo, não eram de dar presentes a torto e a direito, não me levavam para viagens de férias junto com eles. Mas em compensação sempre que eles iam jantar fora me chamavam e pagavam a conta. Eles também eram pessoas alegres e receptivas, totalmente sem preconceitos. Nunca me trataram como a empregada e isso posso dizer que vale muito!

Bom, o recado que eu quero deixar é o seguinte: não existem famílias perfeitas. Todas as meninas que estão na vida de au pair falam isso e as aspirantes deviam prestar mais atenção.

Outra coisa: quando você toma a decisão de se tornar au pair, você tem que deixar de lado os preconceitos porque você realmente vai ter que sair da sua zona de conforto e se arriscar.

Então meninas que encontrarem famílias indianas pela frente: se arrisquem. Façam todas as perguntas necessárias, se informem, mas não deixem uma boa family escapar apenas por causa de estereótipos.